terça-feira, 19 de outubro de 2010

EU, MINHA MÃE E MEUS IRMÃOS

Sou um pedaço do homem que mais amei no mundo. Não existe mais comigo, se foi como todos nós iremos um dia, porém, a cada canto desta mata, a cada pássaro, peixe, encanto é Ele presente em minha vida, por isso moro aqui.
Minha mãe ficou sozinha, sua escolha. Não falava comigo. Mas nós duas sabíamos o motivo.
Com quinze dias da morte de meu pai recebi uma intimação, sobre uma suposta filha do meu pai. Não tinha idéia do se tratava. Fui tentar conversar com minha mãe e ela não quis saber. Procurei meu primo, tios, tias para saber o que sabiam. Alegavam que não sabiam de nada. Compareci a audiência e tomei ciência sobre o caso: uma suposta irmã, mais velha que eu.
A conheci tem três filhos. Fiquei feliz. Fizemos exames DNA, complicado, estes sumiram, depois teria que comparecer minha mãe e meus dois irmãos de Portugal por parte de meu pai.
Apenas eu compareci. História complicada até hoje. Ela passava por muitas dificuldades, então ajudei da maneira que pude. Arrumei uma casa para que ela pudesse morar, mas não ficou por muito tempo.
Minha vida foi sempre feita de grandes surpresas, primeiro sabia que era filha única e de repente dois irmãos por parte de pai em Portugal. E mais uma irmão. Tudo poderia ter sido tão diferente... Irmãos era tudo que eu sonhava...
Meus irmãos de Portugal estiveram no Brasil duas vezes: aos meus quinze anos e outra no meu primeiro casamento.
Hora da divisão dos bens, não quis saber de nada ela que fizesse como queria, porém, sabia o que ela dizia sobre minha família e ficava muito triste, mas tinha uma vida.
Trabalhava muito, uma família linda e que tudo que necessitavam com o nosso trabalho conquistávamos.
Sabia que minha mãe estava reformando a casa, passeando e muita gente ao seu redor, pessoas que nunca tinha visto em casa. Mas a vida era dela.
 Resolvi escrever uma carta para ela, pois sentia muito a sua falta e sabia que aquela história dela acabaria má. Na carta pedi para que ela deixasse tudo para trás e viesse morar conosco. Ela teria uma vida melhor. Não obtive resposta positiva.
Natal levei as crianças para vê-la nós deixou esperando no portão e não veio. Tentei falar com ela na rua, mas não consegui. Então fui viver minha vida. Tantos problemas, porém, resolvi.
Um dia importante na minha vida, falei com meu irmão Tônico de Portugal, contei sobre o que tinha passado minha separação e o que mais gostei foi ter ouvido sua voz e saber que tinha um irmão.
O tempo passou. Recebi um telefonema do meu primo, minha mãe estava internada e tinha amputou um dedo e estava prestes a amputar o pé.
Não tinha mais dinheiro e precisava fazer um tratamento câmara hiperbarica, ambulâncias, cuidados, medicamentos...
Não hesitei fui até o hospital, não acreditei no que vi aquela mulher frágil, cega e sem andar não era minha mãe. Perguntei-lhe o que acontecerá, apenas desceu a lágrima. Ajudamos da melhor maneira, seu tratamento, caro, então, conversei com o pai das minhas filhas e o meu marido se podiam me ajudar com o tratamento dela. Nós unimos para um único objetivo, ajudá-la. Conversamos muito, eu e ela, sobre tudo o que acontecerá e me disse situações que fez, ouvi, respirei e a única coisa que lhe disse, esqueça tudo lute para ficar boa.
Quando chegava em casa e fechava os olhos, só pensava no que ela tinha me dito. A única coisa que tinha vontade de fazer era falar para os meus dois irmãos que realmente acontecerá enquanto ela estava viva, mas não houve está oportunidade.
A trouxe para minha casa contratei duas pessoas para me ajudar com ela, eu trocava suas fraldas, dava banho, fazia sua comida e lhe dava todo amor, carinho juntos com todos aqui de casa. Tive orgulho de mim de ser filha de INOCÊNCIO o meu herói, me ensinou a não ter raiva e nem rancor, esqueci tudo o que ela tinha me contado e apenas existia o amor de uma filha para uma mãe. Mas acho que ela não suportava olhar e me ver tratá-la com tanto amor mesmo depois de tudo. Disse a ela que a amava muito. Quis ir embora e foi. 
Mas sei que ficou muito feliz em passar um tempo comigo, as crianças e o meu marido. Aqui ela começou a andar sozinha, seu diabete baixou, sua pressão estava normal e via em seus olhos o arrependimento e a felicidade.
Voltou para sua casa, aonde uma senhora tomava conta dela, quando eu podia ia vê-la, ligava todas as noites, manhãs e tardes.
Estava trabalhando quando recebi a notícia que minha mãe havia falecido.
Meu mundo desmoronou, ela não poderia ter feito isso, não naquele momento, foi o que pensei. Fui vê-la e vi que não somos nada nesta vida. Assumi todas as despesas.
Minha vida ficou vazia.


Mãe é mãe...



Ao Tônico, Zé, sobrinhos (as), cunhadas e a Fátima que a justiça a reconheceu como filha de Inocêncio, portanto nossa irmã, só queria que soubessem do meu amor...
A distância é o nada...



3 comentários:

  1. O amor está sempre presente na nossa vida.
    Amor de mãe e irmãos nunca serão esquecidos

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  2. Edu,
    Principalmente quando temos muito ainda a dizer e a pensar.

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  3. A vida nos mostra a importância de cada ser a cada minuto.
    Você, conseguirá realizar todos os teus sonho tenho certeza disso e a vida não para de nos ensinar até a eternidade.
    Nossa eu dizendo assim..

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